quarta-feira, 20 de junho de 2018

Não é sobre machismo, é sobre (falta de) respeito

Isabelle e Maria,

Se eu pudesse, eu blindaria vocês de todos os males do mundo. Infelizmente, eu não posso, isso não me cabe. O que está sob meu controle é orientar vocês.
Quase todos os dias eu falo para vocês sobre responsabilidade, escolhas e consequências; sobre assumir os erros e se redimir quando necessário.
Estamos vivendo uma copa no mundo, dessa vez na Rússia. Em uma das cidades sede do mundial, um grupo de brasileiros andou fazendo uma “brincadeira” esdruxula e de completo mau gosto com uma mulher (estrangeira). Eles usam palavras de baixo calão e desrespeitosas.  Minhas filhas, no mundo tem um monte de pessoas machistas, algumas disfarçam, outras escancaram sua deficiência mental e intelectual. É comum nos dias de hoje tudo virar vídeo. As pessoas estão com um deficit de auto aceitação, só pode, porque fazem de tudo por “likes”. No caso desse grupo de brasileiros, eles postaram ou enviaram o vídeo para uma pessoa, mas viralizou, e adivinha? Quem tá passando vergonha são eles, o mundo agora conhece os rostos e os nomes de cidadãos “sem noção” que gratuitamente ofendem e desrespeitam mulheres.
Hoje eu li uma notícia que fala que esses “homens” do vídeo não assumiram a responsabilidade de seus atos, pelo contrário, após tamanha repercussão, eles se esconderam, fecharam as contas nas redes sociais (Isso é mais um detalhe. Geralmente, machistas andam em bando e são covardes. Quando fazem merda, eles se escondem, não tem hombridade). Um dos cidadãos do grupo se pronunciou, e adivinha? Colocou a culpa na bebida. Outro, se diz muito triste com a repercussão, não com a “brincadeira”. Outro, coloca a culpa em quem viralizou.
Filhas, vocês perceberam que eles só tentam arrumar desculpa para a consequência desse ato ridículo e intolerável? Em momento algum eles se mostram constrangidos e arrependidos com a ação. E eu não estou falando sobre machismo ou feminismo, eu falo sobre empatia, sobre respeito, gentileza. É sobre tratar o outro da maneira que você gostaria de ser tratado. A gente só dá aquilo que temos. Se há amor no seu coração, você provavelmente derramará amor por onde passar, mas se no seu coração só tem sentimentos ruins, é isso que será espalhado no seu caminho.
Isabelle e Maria, eu peço, se cerquem de gente de bem, de gente de boa “vibe”, de gente com os mesmos valores e princípios, porque o mundo já é cruel demais, vamos nos blindar como a gente pode. E, lembrem-se, o outro é o outro, com suas marcas, histórias, educação. Vivam de acordo com o que acham certo, e nunca desrespeitem alguém, nem façam “brincadeiras” ofensivas para tentarem serem aceitas num grupo, ou colecionar “likes”. Quem age dessa maneira não é feliz, não é livre. O mais importante vocês já têm dentro de vocês.
Com amor,
Mamãe.
Texto: Lívia Lins Torquilho

Nenhum comentário:

Postar um comentário