quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Apresentação de fim do ano letivo

Quantas duvidas habitam o coração de uma mãe... E o meu coração que estava inquieto, angustiado, hoje acalmou. Há semanas eu titubeava em manter Isabelle na escola dela, ou transferi-la para uma escola bilíngue. Mas hoje após a apresentação de encerramento, meu coração teve a resposta que precisava.
Eu não sou de me emocionar fácil, mas confesso que durante a apresentação tive que me controlar e segurar as lágrimas. Hoje eu presenciei crianças ensinando adultos a serem mais humanos. Foi uma apresentação linda, cantada em libras. Uma demonstração de cuidado, zelo, carinho, inclusão, acolhimento e amor. Um presente! E se às vezes eu duvido de a humanidade ainda ter jeito, hoje eu tive minhas esperanças renovadas. Essa geração poderá sim fazer a diferença no mundo, porque eles já estão fazendo a diferença no mundo de alguém.
Sem palavras para a atitude do Colégio Irmã Maria Montenegro com essa apresentação. Foi uma atitude pequena de inclusão e respeito ao próximo, mas que me trouxe reflexões grandiosas. Que grata surpresa! Hoje eu tenho ainda mais certeza da minha escolha ao optar por esse colégio para ser parceiro na educação e formação das minhas filhas.
Quanto a estudar numa escola bilíngue... ela só tem 5 anos. No momento, eu prefiro investir na formação de um ser humano. Ela terá muito tempo para construir um currículo, a infância não é o momento. O que eu desejo para agora é que ela desenvolva competências humanas. Ela não precisar começar a ser treinada para entrar no mercado de trabalho tão precocemente.

Texto: Lívia Lins Torquilho
23/11/2017

#devaneiosdelivia

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Bodas de cerâmica

9 anos, 108 meses, 3.287 dias, 78.888 horas, 4.733.280 minutos desde aquele SIM! Já habitamos em 3 casas em Fortaleza e 2 em Recife. 10 paises visitados, 10 estados brasileiros explorados. 2 filhas. E eu que sou a louca dos números só não consigo contabilizar a quantidade de memórias que já colecionamos...
Amor, o casamento mudou. O tempo ficou reduzido. As conversas são sempre interrompidas. O foco mudou, as prioridades também. Mas o que não alterou foi o amor. Ah, esse exponenciou.
As declarações de amor quase não existem mais de forma verbal, mas elas continuam a existir no caos da nossa rotina. No acordar no meio da noite e sair de mansinho para acudir uma filha, enquanto o outro continua a dormir. No “ficar com as crianças” para o outro ir para a academia. No preparo da refeição. No convite do jantar à dois. Na comemoração de quando as meninas dormem antes de nós e temos tempo só para nós dois.
Eu te amo todos os dias. Tem dias que só falto explodir de tanto amor, mas tem dias que eu só te amo mesmo. Eu te amo todas as manhãs quando você sai de fininho sem fazer barulho. Eu te amo suado, quando volta da academia. Eu te amo quando você resolve as coisas de casa, quando faz supermercado, quando troca fraldas, quando dá o jantar das meninas, quando leciona a tarefa, quando ensina jogos e quando pacientemente conversa com elas, educando-as, orientando-as. Eu te amo quando você chega do trabalho, principalmente quando chega mais cedo. Eu te amo no meio da noite, quando encosto em ti, e tu me envolve em teus braços. Eu te amo nas decisões do dia-a-dia, quando divergimos e quando concordamos. Eu te amo quando você chega com presentes para as suas três meninas, mesmo não sendo dia especial e você faz ser. Eu te amo de férias, quando a gente sai para desbravar o mundo. Eu te amo na sua preocupação com o futuro e no seu fingir não se afligir com a violência dessa cidade.
Eu te amo, eu te amo e eu te amo, e mesmo que eu já não diga mais isso com tanta frequência, eu continuo te amando. Porque não existe outra pessoa no mundo que me traga mais equilíbrio, paz e sossego. Ao seu lado a vida é mais colorida, divertida, leve e fácil!
Eu te amo do tamanho do universo...
Sua Pequena

Texto: Lívia Lins Torquilho

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segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Hora do almoço

Duas horas de almoço!
Buscar criança na escola, negociar na saída da escola os cinco minutinhos a mais para que ela possa brincar (já que a manhã inteira não foi suficiente). Chegar em casa e administrar o tempo do almoço, colocar crianças para dormir e ensinar tarefa de casa.... Não necessariamente nessa ordem. Na hora do almoço tem reclamação que a comida é ruim, que não gosta da carne, que tem cheiro verde, que blá, blá, blá! A mãe dá a primeira surtada e então a comida passa a não ter defeitos, já que a criança começa a comer tudo, sem reclamações, só do meio pro fim (acho que esquece da surtada) surge a dor de barriga, o sono, a negociação pelo celular (mãe, enquanto eu como, eu posso jogar só um pouquinho?) Aí, vem a hora da tarefa: não quer escrever o nome, nem pintar, finge não ouvir as explicações, não capricha... A mãe surta novamente, e tcharãm: a tarefa é feita em cinco minutos, caprichosamente! Hora de colocar para dormir: mando uma para o quarto, e a outra levo pro outro. Tem dias que 10 minutos são suficientes para ambas dormirem... Pois é, tem dias...
Hoje, eu invoquei todos os santos, todas as almas encarnadas e desencarnadas, espíritos de luz, e amigos imaginários, qualquer ajuda era bem-vinda, não teve jeito! Foram 60 minutos tentando colocar uma criança que minutos antes tinha pedido para dormir. Ela deita ao meu lado e começa a sessão de tortura, belisquinhos e beliscões, eu já sem paciência e vendo que a beliscando de volta não estava surtindo efeito, declarei que o próximo belisco, eu confiscaria a chupeta, e assim o fiz. Adiantou? Adiantou para ela abrir o berreiro e prometer que não me beliscaria mais. Não devolvi a chupeta. Eu sei que tomei a decisão mais complicada para mim, mas a que achei correta, não obedeceu, foi punida. Só que quem foi punida fui eu, porque a menina até parou de chorar, mas enquanto eu fingia/ ou tentava dormir, ela conversava com todas as criaturas que eu tinha invocado, ligava para a Minnie, pegava o travesseiro e montava em cima fazendo de cavalinho, me chamava, fazia carinho em mim, tudo ela inventou. Já sem paciência e surtando (valendo), derrubei todos os oito travesseiros da cama e sai do quarto. Não quer dormir? Pois ok, só sai daí quando acordar, ou quando eu voltar do trabalho. Quando abro a porta do quarto, a outra filha está deitada no chão me esperando para ir deitar com ela! Obrigada, Senhor, pelas duas horas de almoço que não são suficientes para mim!
Sabe aquele emotion do WhatsApp da mulher dançando linda, plena e vitoriosa? Não se encaixa para mim hoje. Sai de casa, com uma dor de cabeça terrível, com duas crianças berrando uma em cada quarto e ambas de castigo, só saem quando acordarem para aprenderem a ter rotina e não perturbar mais minha hora de descanso. Nesse momento, eu clamo ao tempo que dê uma acelerada para que a noite chegue logo e eu possa dormir, de preferência sem crianças a me encher a paciência (que eu não tenho).
Se os meus vizinhos não tiverem filhos, devem me achar a louca, se tiverem me entenderão. Se você que está lendo esse relato, estiver me julgando, vá arrumar uma criança pra cuidar e seja feliz com seus conselhos e pré-conceitos. Agora, se rolou empatia, pode chegar lá em casa nesse horário do almoço que estou aceitando ajuda!
Texto: Lívia Lins Torquilho

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