terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Mães más...

Sobre ser uma mãe má... essa semana a Isabelle me tirou totalmente do eixo. Certo que eu não sou um poço de paciência, mas eu juro que tentei conversar, fazer contato visual (na altura dela), expliquei, argumentei, todas as técnicas de livros... não adiantou. Pus ela de castigo no quarto e fechei a porta, devido aos gritos altos ecoando pela casa. Ela foi pra janela e começou a gritar que estava presa. Se eu fiquei estressada? Fiquei muito puta. Eu fechava a janela e ela abria, me peitando mesmo. Até que não aguentei e dei uma palmada nas pernas dela (minha mão ardeu). Ela parou de abrir a janela, não sei se pela palmada ou se porque o pai chegou nesse exato momento.... O fato é que no outro dia ela acorda e fala: mãe, eu te amo! Você me colocou de castigo porque não me ama? Ao que eu respondo: eu te amo tanto que não irei me perdoar se no futuro você se tornar um ser humano desprezível. Se ela entende? Ainda não... só sei de uma coisa, por trás de uma pessoa educada, há uma mãe levemente surtada.

O Igor quando chegou se deparou com a porta do quarto dela trancada e ela suplicando por ele, a reação dele foi de me criticar e fazer um sermão de como se educa uma criança. Ele chegou quando eu ainda tremia de raiva e frustração. Expliquei meus motivos para tomar tal atitude. Ele, então, foi até a janela do quarto e conversou com ela. Ao sair, disse que fecharia a janela porque ela permanecia de castigo e somente depois que a mamãe (eu, no caso) autorizasse, ela poderia abrir a janela.
Enquanto ele conversava com ela, eu me sentia péssima, uma mãe malvada. Senti culpa e frustração. Onde eu estou errando para esse menina não me respeitar, nem me obedecer?
Ele fechou a janela do quarto e foi pro nosso quarto, ao chegar lá.... Tcharãm... Ela abre janela do quarto, desobedecendo a ordem do pai. Ele ficou irritadíssimo, imediatamente foi até ela e deu uma palmada em sua mão. (Deus que me perdoe) nessa hora, deu até vontade de perguntar "como é mesmo que se educa uma criança"? Quero só saber quem consegue ter êxito e se manter plena aplicando somente as teorias lidas sabe lá Deus onde.
Como dá trabalho criar gente, no futuro, eu espero ser recompensada. Eu não estou criando pra mim, é pro mundo, é minha herança. O melhor de mim. E não falo só geneticamente, mas de tempo, de suor, de trabalho, dedicação, de valores!

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Maria rezando

Todas as noites ao colocar a Maria para dormir a gente reza.
Eu começo: “Papai do céu”, ela completa: “mamãe do céu”, eu falo: “protege”, ela continua: “o papai, a mamãe, a Bebé e a Mamá”, e terminamos: “Amém”.
Esses dias ao colocá-la para dormir pós almoço, fui surpreendida com ela falando: mãe, vamos rezar? Então comecei: “papai do céu”, ela completou: “mamãe do céu, Bebé do céu...” imediatamente eu interrompi, e expliquei que não existe “Bebé do céu”. Não sei se o sono era demais ou se ela realmente imaginou que existia toda a família “do céu”.

Redenção astral

Crianças são seres evoluídos. Acredito que a medida que crescemos somos alterados. O sistema, a sociedade, o meio, nos modifica. Acreditamos ficarmos mais forte, mais inteligentes, porém perdermos as qualidades mais nobres.
Esses últimos dias Isabelle tem me ensinado bastante.
  • Isabelle foi diagnosticada com pneumonia. Enquanto eu procurava uma lógica para ter me antecipado a doença. Ela entendeu o diagnóstico e o tratamento. Nos primeiros dias ela reclamava do gosto do remédio, mas logo percebeu a melhora e se animou em tomar as dosagens corretas. E com amor, cuidado, troca e paciência, ela ficou boa.
  • Isabelle chega no salão e pede para manicure fazer a caricatura dos “pj masks” nas unhas dela. A manicure tenta dissuadi-la. Mas é difícil convencê-la depois que ela toma uma decisão. Ela insiste. A manicure enfim revela que não sabe fazer tais desenhos. Isabelle, questiona o que ela sabe desenhar. A mulher fala que pode desenhar corações, flores, o que ela quiser. Minha menina instiga: “mas esses desenhos até eu sei fazer”. A profissional se sentindo desafiada aceita tentar desenhar os pequenos heróis nas unhas dela. E ficou uma obra de arte. Ambas ficam felizes e realizadas!

Quando a manicure tentou dissuadi-la, eu não gostei da maneira que ela falou, em tom de deboche. Mas a Isabelle não entendeu dessa forma (graças a Deus), ela com toda sua pureza, encantou a profissional e de uma forma doce, porém desafiadora, convenceu a profissional a fazer o que ela desejava. Enquanto elas conversavam, eu apenas observava. Não me meti. Ela foi firme, não se deixou convencer com a opinião alheia. Por fim, conquistou o que queria, com palavras, com carisma, com encantamento. Que orgulho eu tenho dela!
  • Isabelle fraturou o dedão do pé brincando na escola. Quando eu soube que ela teria de engessar a perna só por causa de um dedo, fiquei irritadíssima. Tá, eu não sou médica, eu desconheço os procedimentos. Mas não é exagero? Só por causa de um dedo? E a mãe que sofre por antecipação, já prevê tudo que a menina será privada de fazer. E pensa: “vai passar o aniversário com o pé imobilizado já que serão 21 dias de gesso”? (Não, isso definitivamente não estava nos planos). Ainda bem que em casa temos equilíbrio. Enquanto eu só enxergava o lado negativo (a coceira, o banho, ela não poder brincar no parquinho, não poder dançar), o pai mostrava quão legal pode ser ter uma bota de gesso (poder desenhar, andar com saltinho). Isabelle apenas escutou e observou. No dia seguinte, ao acordar ela foi logo falando: “mãe, no meu aniversário eu não vou estar de botinha. Eu vou tirar um dia antes”. Ela já tinha negociado com o pai.

Eu, no meu instinto de proteger a menina, atropelei tudo, falei o que não devia (na frente dela), não facilitei. Ainda bem que ela tem pai! Ainda bem que somos uma equipe!  Os dias estão passando, ela até agora não reclamou de nada: de incomodo, coceira, dor. Nada! Se adaptou a botinha muito rápido, faz movimentos como se a bota não existisse. O gesso já está todo riscado, enfeitado, e ela está feliz, faceira. E quando eu pergunto se na escola ela brinca no parquinho, já que no recreio os amigos todos fazem uso dele, ela responde: “não, mãe, eu fico na sala brincando de jogos. Eu gosto de brincar com jogos”! Obrigada Isabelle, por facilitar as coisas para mim e pra você! Por fazer de um limão uma limonada! Por me mostrar leveza e alegria até no que não é tão positivo.
E eu sigo tentando aprender a não sofrer por antecipação, a não fazer tantos planos e não querer ser senhora do destino. E eu achando que estava no meu 3º inferno astral do ano (inferno astral de filhos, atingem as mães), acabo de perceber, mais uma vez, paz no caos. Estou na minha redenção astral.
Ela faz cinco anos em duas semanas. E eu tenho a certeza de estar caminhando na direção certa. Reconheço erros, mas sei que há mais acertos. Assim como sei que nesse caminho ainda haverá bastantes tropeços, mas sempre estaremos juntos, crescendo, nos apoiando, aprendendo, ensinando e evoluindo juntos, como família. Cada experiência, cada toque, cada olhar, desde o momento que ela nasceu, hoje é refletida nas suas atitudes. O tempo que investimos, hoje dá frutos. Nós, como pais de primeira viagem, errantes, e sedentos de fazer o melhor, tínhamos muito medo de criar uma criança insegura, dependente de nós. Mas com ela a gente aprendeu que amor em excesso, na formação do indivíduo, torna pessoas seguras, bem resolvidas, independentes.

Lívia Lins Torquilho

10/11/2017