terça-feira, 25 de abril de 2017

Cenas da vida real - Hora de refletir

A tarefa da escola era desenhar a família. A menininha desenha, o pai, a mãe, ela, e a irmãzinha, então, ela examina o desenho recém-criado e conclui desenhando o celular na mão no pai. Esse é o retrato da família que a menina observa.
Hora de dormir, era fim de semana, a mãe já está deitada com a filha mais nova, o pai então resolve deitar com a filha mais velha, todos na mesma cama. Ele anuncia que é hora de dormir. A menina maior reclama: essa luz do celular está me atrapalhando, você não sai do celular, no banheiro fica no celular, se dirige é com o celular, se janta é com o celular, até na hora de dormir não sai do celular. Você é muito “celulazeiro”!
O mal do século, aquele treco que aproxima quem está distante e afasta os próximos! Observar essas duas situações é bem perturbante. É o pedido de socorro e apelo de uma criança. Eu entendo a situação do pai/ mãe que muitas vezes precisam daquele acessório para trabalhar, mas não seria suficiente trabalhar, às vezes, até mais de 12 horas por dia?  Será que aquele assunto urgente que te chama tanto atenção tarde da noite, não pode esperar? Enquanto se está olhando para a tela do celular, a infância daquela criança está passando, será que dará para recorrer à tecnologia para fazer o tempo voltar? Para dar os beijinhos de boa noite, para escutar as músicas, as histórias, para observar o desenvolvimento e as descobertas das filhas que imploram por uns minutinhos de atenção? Não seria o momento de se desconectar para sentir o toque real de mãozinhas que em pouco tempo já não estarão tão afim da sua presença?
Confesso que utilizo bastante o celular, mais até do que necessito. Porém, após o apelo verbalizado e desenhado da menininha, estou tentando diminuir esse uso. Tentando utilizá-lo quando as minhas meninas não estão por perto, estou tentando ser presença e não apenas estar presente. A vida é aquilo que acontece enquanto estamos parados, vidrados na tela do celular. Tenho medo de perder a infância das minhas pequenas, de estar formando pessoas introspectivas, solitárias, instáveis emocionalmente. É preciso viver o mundo real, criar conexões, escutar, tocar, ouvir, brincar, se entregar, construir vínculos verdadeiros e palpáveis. A criança suplica por atenção e afeto, e isso não é difícil, basta desligar o celular e observar a vida sem filtros.
Acredito que a vida era mais interessante quando não se tinha redes sociais. Existia vida! Hoje, ao mesmo tempo, que temos informações em tempo real, observamos pessoas muito mais ansiosas, crianças entediadas (e os pais achando que estão entretidas), relacionamentos vazios, muito “touch” e pouco toque, muitas mensagens, mas pouca saliva. As pessoas preferem estar procurando o melhor ângulo, a melhor pose, tiram uma infinidade de fotos só para postar, esquecem de viver o momento e arquivar na memória. Hoje a “felicidade” está escancarada nos “selfies”, na quantidade de seguidores e curtidas, não há entrega, tudo é muito superficial.
Suspeito que bom mesmo era na época da minha infância, embora minha mãe trabalhasse fora, ela sempre tinha tempo pra gente, ela não era escrava do celular, nem tinha um monte de neura, ninguém a julgava, ela não tirava foto pra postar, nem pra se mostrar, e ela tinha certeza que fazia o seu melhor.

#devaneiosdelivia

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Cama de mãe

Cama de mãe é ambiente sagrado;
É soninho velado;
É dormir despreocupado, sabendo que é protegido por um anjo de Deus escolhido;
Cama de mãe é deitar esparramado, mesmo que ela fique apertada, mas com os braços no filho enlaçado.
Cama de mãe é diversão, proteção e renovação;
Cama de mãe aquece a alma e acalma o coração;
É lugar de união, de confraternização e até de discussão;
Lá é recinto de perdão, oração e muita gratidão.

Cama de mãe é o lugar mais seguro do mundo inteirinho;
É lugar de descanso, é abrigo, é reserva de carinho.
Cama de mãe é abraço apertado, é amor impregnado;
É morada de sonhos, é estranha magia, são doces fantasias;
Cama de mãe é verso, é prosa é rima;
É assunto esgotado, é segredo revelado.

Cama de mãe tem denguinho gostoso, tem toque suave, tem fragrância de flor;
Cama de mãe tem sempre cafuné, tem risadas gostosa, tem histórias engraçadas e cantigas de amor.
Cama de mãe é refúgio e é morada, é lembrança, é segurança;
Cama de mãe é acalanto, é conforto, é alívio santo;
É sustento, é alento;
É aconchego e chamego;
É silêncio, é paz, é cura, é ternura!

Cama de mãe é colo de Deus;
É o lugar preferido dos filhos queridos!

#devaneiosdelivia


quarta-feira, 19 de abril de 2017

Olha o drama...

Após o almoço, levei Maria para dormir e disse para Isabelle ir para o quarto dela dormir. Após 5 minutos, Isabelle abre a porta do quarto chorando e questiona:
- Mãe, você me ama?
Antes que eu respondesse, ela emendou:
- Não, né? Você me detesta! Você não fica mais com a filha mais velha, só com a filha mais nova!!!

Não sei se rio do drama da minha adolescente de 4 anos ou choro por todas as mães que são sempre mal entendidas e mal interpretadas.

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Páscoa

Símbolos da Páscoa
- Mãe, você sabe quais são os símbolos da Páscoa?
-Não, quais são?
- O coelho, o ovo, mas o mais importante é a cruz. Porque Jesus morreu e depois viveu de novo. Porque Ele gosta muito da gente.
(Isabelle, 4 anos)


Distribuição de doces
Sempre gostei de presentear as pessoas que gosto e as pessoas que convivem conosco, como uma forma de lhes dizer que são lembradas e queridas. E tento passar esse valor para minhas filhas, pelo menos nas datas comemorativas. Agora, na semana da Páscoa, comprei uns chocolatezinhos e sugeri que Isabelle distribuísse com as professoras da escola, serventes e com o porteiro. Inclusive, ela preparou comigo doces para levar para os colegas de sala.
Ela foi para escola toda satisfeita, distribuiu os doces com os amigos e os chocolates com os adultos. Tão lindo vê-la distribuir doces, sorrisos e desejos de feliz Páscoa. Ela dava chocolates e recebia beijos. Há cada mimo entregue, ela recebia um carinho sincero de agradecimento, então ela exibia um sorrisão, voltava na sacola buscava outro e entregava para outra pessoa, repetidas vezes... E eu observando sua alegria só pensei: “que Deus a conserve com o coração bom, puro, que continue a gostar de dividir, sem pensar em retribuição. Quão abençoados somos, porque mais temos a agradecer que a pedir”. Quando acabaram os chocolates, ela olhou pra mim e falou: as pessoas gostaram né, mãe? Todo mundo agradeceu!!! Você viu como eles ficaram felizes? E eu mentalmente respondi: eu também fiquei muito feliz. Estou educando um ser humaninho que sabe dividir e que em momento algum pensou em ficar com nenhum daqueles chocolates, nem questionou se teria algum pra si.
#devaneiosdelivia


Caça aos ovos
O coelhinho da Páscoa resolveu nos visitar mais cedo este ano, acordamos na quinta feira e a casa estava cheia de pegadas de coelhos e ovos de chocolate. As meninas foram seguindo as pistas (pegadas) e encontraram muitos chocolates. Foi uma alegria que só quem tem criança entende. Depois de comer uns três chocolates, Isabelle diz:
- Mas a Páscoa de verdade não é hoje!
- A Páscoa começa hoje, o Coelho veio hoje porque ele não tem trenó feito o Papai Noel, como ele pula, ele se cansa muito, e tem muitas casas para visitar, então ele tem que descansar. Trabalha durante a noite, descansa de dia.
- Mas a Páscoa é só depois de três dias, quando Deus vive de novo. E na Páscoa de verdade, o Coelho trás ovo grande e ele trouxe ovos pequenos.
- Mas ele trouxe livros de história que tu ama e muitos chocolates, que se juntar tudo dá muito mais que um ovo grande.


#isabellesabida

Monstro Invisível

Estou na cozinha, realizando várias tarefas, Maria começa a mexer na gaveta dos talheres, e eu começo a ficar irritada por haver materiais cortantes e por não estar conseguindo me concentrar nas minhas atividades e nem prestar atenção nela. Depois de pedir três vezes para ela parar de mexer na gaveta e sair da cozinha, grito com ela (leia-se: dei uma surtada valendo). Ela para imediatamente de mexer e começa a chorar, um choro tão sentido... Isabelle que estava na sala assistindo TV, se solidarizou com a irmã e a chamou. Da cozinha fiquei espiando as duas se abraçando. Isabelle, então segurou Maria no colo, ajudou-a a sentar no sofá, e ali as duas ficam quietas, conversando e brincando.

Observação 1: Maria entende tudo que eu falo, tenho certeza que ela  insiste em fazer o contrário à minha ordem pra me desafiar.
Observação 2: Eu sempre achei que quando a Isabelle estava assistindo TV ela ficava absorta, o mundo podia era acabar que ela não perceberia. Descobri que ela é igual ao pai, tem audição seletiva!
Observação 3: Eu não senti culpa, eu senti gratidão ao ver aquela cena. Eu tive absoluta certeza que elas sempre terão uma a outra e que sempre se protegerão, inclusive do monstro invisível que habita em mim que de vez em quando desperta.
#devaneiosdelivia



#mãetambémsurta #monstrosinvisíveisexistem #odespertardomonstro #amomastambémgrito #metiramdosério #elasseapoiam #elasseentendem #elassãoirmãseparceiras #Xôculpa #obrigadaSenhor

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Reedição do amor

O papai tem o costume de toda sexta feira mandar para a Isabelle e pra Maria biscoitinhos e canjica. As meninas adoram (leia-se: Isabelle, até porque a Maria ainda não entende, mas é a que mais come) e elas até esperam por isso, acho que mais pela lembrança do que pelo próprio mimo. Sempre que os recebe Isabelle manda mensagem pro avô agradecendo e acrescenta um “eu te amo, vô... Você é o melhor vô do mundo!” Ela manda a mensagem e fica esperando um retorno (“a ansiosa”). Meu pai fica todo satisfeito com a mensagem e retorna com frases de afeto e carinho.
Essa semana ao escutar a mensagem dele para as meninas fiquei pensando: eu acho que a gente nasce com uma “cota” de “eu te amo” para distribuir. Acontece que muitas vezes a gente engole essa frasezinha, principalmente com os mais queridos. Meu pai deve ter me falado muitas vezes que me amava quando eu era do tamanho das meninas, assim como eu faço com elas, mas eu não lembro... Hoje, é mais raro, não me recordo a última vez (sem mágoas, eu também não falo). Mas o que eu fiquei pensando foi que sorte a delas de ter um avô que as quer bem, que gosta de mimá-las. E que sorte a dele de ter uma nova chance de expressar os seus sentimentos, de demonstrar seu afeto, de esgotar os seus “eu te amo”, se assim quiser.
Que sorte dos avós que não precisam educar, que podem só curtir. Eles demonstram carinho, afeto, amor de uma forma diferente dos pais. Acho que é porque eles sabem quão fugaz é o tempo. É a urgência serena de aproveitar, de se esgotar, de se eternizar. A nós, pais, cabe a responsabilidade de formar, educar, então o amor é demonstrado de uma forma mais comedida, mais controlada. Embora minhas meninas sejam a luz da minha vida, o sol que aquece minha alma, o meu universo particular, e talvez por isso mesmo, às vezes, eu seja tão dura e incisiva com elas. Eu sei que tão cedo as meninas não entenderão essa minha forma de amar, talvez, quando forem mães...
Por enquanto, eu só observo, aprendo e agradeço pela sorte que temos todos de sermos banhado nesse mar de troca de afeto e muito amor.

#devaneiosdelivia

#amorreeditado #ganhamostodos #distribuaeutemo #estouaprendendo #soobservo #sorteanossa


Lívia Lins Torquilho

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Âncoras ou asas

Hoje eu estava vendo um amiga com seu barrigão de 8 meses, ansiosa pela chegada do seu primeiro bebê. Engraçado que nessa fase, a gente tá andando feito uma pata, as pernas são um peso, que parecem que estamos com constantes caneleiras de 5kg. As roupas já não servem e as que servem a gente já enjoou, mas comprar outras pra quê, falta tão pouco. O sono já tá uma merda, não tem posição pra dormir e a bexiga não nos dá trégua. E a retenção de líquidos?
Ao mesmo tempo, a gente se sente plena, apesar estar rechonchuda, os cabelos nunca estiveram tão lindos, sedosos. A pele está um pêssego. Ansiedade a mil, tantos planos, tanta expectativa. Parece que o último mês, demora nove meses... Tão engraçado...
Essa tal ansiedade, junto com a expectativa, e essa louca vontade de fazer logo o tempo passar, não nos permite curtir essas ultimas semanas só nossa. Se as mães de primeira viagem soubessem, de verdade, que ela nunca mais estarão sós, eu acho que elas curtiriam mais, ao invés de se angustiarem tanto pensando num futuro, nos seus bebês fora da barriga.
Eu não conheço nenhuma mãe que tenha se arrependido de ter sido mãe. Mas também desconheço uma mãe que não tenha saudade de quando era só. Saudade do tempo só pra si, saudade de não se preocupar com crianças, com horários, saudade de dormir sem compromisso, sem sobressalto, saudade de si, saudade de uma época boa, da independência. Acredito que por mais planejada e desejada que seja uma gestação, a mulher nunca estará pronta. Por mais que falem, aconselhem e se leia sobre o tema, a real é ainda mais hard! É dureza, mas é bom, não no começo, assim, no começo, comecinho é bom, mas depois fica punk, e quando a gente acha que tá difícil, aí piora, mas aí, a gente já calejou e começa a entender que quem tá na chuva tem que se molhar, e começa a gostar da brincadeira. Mas tem dias que bate uma saudade de tomar banho demorado, ir ao banheiro sem companhia, comer em silencio, dormir até os olhos criarem bico, sair sem destino e sem horários...
Ainda assim eu não trocaria essa minha vida por nenhuma outra antes vivida! Prefiro minhas âncoras que minhas asas.
#devaneiosdelivia

Escolhendo livros

Hoje teve feira do livro na escola da Isabelle. Entregamos uma quantia (dinheiro que ela ganhou) pra ela escolher os livros que quisesse. Quando chego na escola, a professora tá doidinha, me falou que a Isabelle só queria livro que não era pra faixa etária dela, ainda assim deixou ela comprar 2. Fui questionar a Isabelle sobre os livro e ela foi logo falando: é que eu gosto de livros de matemática, mãe! Olha esses daqui, eu sei fazer essas atividades. (Eram livros de contas de adição e subtração).