segunda-feira, 27 de março de 2017

Pode me julgar

Pode me julgar, você pensa que eu sou uma péssima mãe. Você deve ter visto meu pânico ao perceber que tinha perdido minha filha no shopping. Você presenciou quando por reflexo eu bati na minha filha quando ela mordeu minha barriga. Você também testemunhou eu beliscá-la. Você viu minha filha se jogar no chão fazendo birra, chorando, gritando e esperneando, e eu simplesmente sai, não por vergonha, mas porque eu precisava respirar. Você também já me observou gritar com ela, ficar estressada, perder a paciência. Você provavelmente se horrorizou ao escutar eu ser indelicada e falar palavras rudes com ela. Também devo ter sido apontada por dar comida industrializada, ou por não ter passado o protetor solar. Você se espantou ao me ver fazer chantagens com ela. Você também já viu minhas duas filhas brigando e eu só fiquei observando a cena, sem intervir.
O que você não viu, não observou e não presenciou foi que eu me julgo todos os dias por ser uma péssima mãe, mas eu juro que estou tentando fazer o meu melhor. Eu choro escondida e peço perdão silenciosamente por não ter paciência, por não saber como agir e por não ser tão atenta. Eu lamento o meu cansaço. Eu acordo no meio da noite e vou velar o sono das minhas meninas. Eu largo tudo de imediato ao escutar o grito delas. Eu saio no meio do expediente ao me avisarem que elas estão com febre ou vomitando. Eu cancelo compromissos, só pra ficar com elas. Você não sabe, mas ao final do dia ao contabilizar a quantidade de "nãos" proferidos, eu me critico e me questiono se eram realmente necessários, se não sou dura demais com elas. Eu acordo todos os dias querendo ser o melhor que eu posso. Sou eu quem mais me julgo e critico.
Eu vejo defeitos em mim que eu não suporto, e suporto menos ainda ao notar os mesmos nas minhas crianças. Eu tento ser melhor a cada dia porque as minhas meninas me vêem tal como eu sou, sem filtros, e elas agem de acordo com os meus exemplos. E o que eu desejo é que elas sejam seres humanos melhores que eu, melhores que o pai delas. Eu gostaria que elas fossem perfeitas. E nisso eu também me censuro, porque eu conheço cada defeito delas.
Eu costumava ser uma mãe perfeita, mas eu ainda não tinha nenhuma filha. A maternidade me mostrou o que há de pior em mim, mas também está me transformando no que de melhor eu posso ser.
Então, você que não conhece a minha história, ou só viu recortes da minha vida, não me julgue. Eu não preciso de mais criticas do que as que eu já faço a mim. Próxima vez que você presenciar uma cena que te desagrade, tenha empatia, seja gentil e tente me ajudar. Provavelmente eu só estou cansada e tentando educá-las. Saiba que eu faço o máximo que eu posso (de verdade). E eu sei que amor aqui não falta. Minhas filhas são amadas, elas sabem disso, elas também sabem que eu não sou perfeita, ninguém é! Mas eu sou a melhor mãe que posso e sei ser.

P.S: Ontem Isabelle se perdeu no shopping, o Igor achava que ela estava comigo e eu achava que ela estava com ele. Desde ontem só agradeço pelo livramento, por termos encontrado ela bem, e sem que ela tenha percebido o ocorrido.

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