segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Hora do almoço

Duas horas de almoço!
Buscar criança na escola, negociar na saída da escola os cinco minutinhos a mais para que ela possa brincar (já que a manhã inteira não foi suficiente). Chegar em casa e administrar o tempo do almoço, colocar crianças para dormir e ensinar tarefa de casa.... Não necessariamente nessa ordem. Na hora do almoço tem reclamação que a comida é ruim, que não gosta da carne, que tem cheiro verde, que blá, blá, blá! A mãe dá a primeira surtada e então a comida passa a não ter defeitos, já que a criança começa a comer tudo, sem reclamações, só do meio pro fim (acho que esquece da surtada) surge a dor de barriga, o sono, a negociação pelo celular (mãe, enquanto eu como, eu posso jogar só um pouquinho?) Aí, vem a hora da tarefa: não quer escrever o nome, nem pintar, finge não ouvir as explicações, não capricha... A mãe surta novamente, e tcharãm: a tarefa é feita em cinco minutos, caprichosamente! Hora de colocar para dormir: mando uma para o quarto, e a outra levo pro outro. Tem dias que 10 minutos são suficientes para ambas dormirem... Pois é, tem dias...
Hoje, eu invoquei todos os santos, todas as almas encarnadas e desencarnadas, espíritos de luz, e amigos imaginários, qualquer ajuda era bem-vinda, não teve jeito! Foram 60 minutos tentando colocar uma criança que minutos antes tinha pedido para dormir. Ela deita ao meu lado e começa a sessão de tortura, belisquinhos e beliscões, eu já sem paciência e vendo que a beliscando de volta não estava surtindo efeito, declarei que o próximo belisco, eu confiscaria a chupeta, e assim o fiz. Adiantou? Adiantou para ela abrir o berreiro e prometer que não me beliscaria mais. Não devolvi a chupeta. Eu sei que tomei a decisão mais complicada para mim, mas a que achei correta, não obedeceu, foi punida. Só que quem foi punida fui eu, porque a menina até parou de chorar, mas enquanto eu fingia/ ou tentava dormir, ela conversava com todas as criaturas que eu tinha invocado, ligava para a Minnie, pegava o travesseiro e montava em cima fazendo de cavalinho, me chamava, fazia carinho em mim, tudo ela inventou. Já sem paciência e surtando (valendo), derrubei todos os oito travesseiros da cama e sai do quarto. Não quer dormir? Pois ok, só sai daí quando acordar, ou quando eu voltar do trabalho. Quando abro a porta do quarto, a outra filha está deitada no chão me esperando para ir deitar com ela! Obrigada, Senhor, pelas duas horas de almoço que não são suficientes para mim!
Sabe aquele emotion do WhatsApp da mulher dançando linda, plena e vitoriosa? Não se encaixa para mim hoje. Sai de casa, com uma dor de cabeça terrível, com duas crianças berrando uma em cada quarto e ambas de castigo, só saem quando acordarem para aprenderem a ter rotina e não perturbar mais minha hora de descanso. Nesse momento, eu clamo ao tempo que dê uma acelerada para que a noite chegue logo e eu possa dormir, de preferência sem crianças a me encher a paciência (que eu não tenho).
Se os meus vizinhos não tiverem filhos, devem me achar a louca, se tiverem me entenderão. Se você que está lendo esse relato, estiver me julgando, vá arrumar uma criança pra cuidar e seja feliz com seus conselhos e pré-conceitos. Agora, se rolou empatia, pode chegar lá em casa nesse horário do almoço que estou aceitando ajuda!
Texto: Lívia Lins Torquilho

#devaneiosdelivia

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