Quinta feira passada foi dia de
apresentação de Páscoa na escola. A primeira apresentação da Maria. Ela dançou
lindamente, como uma menina de 2 anos. Enquanto ela dançava e se divertia, eu
me enchia de orgulho, mas não pude deixar de lembrar da primeira apresentação
da Isabelle na escola. Não é comparação, é lembrança. Isabelle, na época, não
dançou, ficou juntos com os colegas, na frente da plateia, mas “congelou”. Eu
fiquei frustrada, triste, zangada. Não com ela, mas comigo por criar
expectativas nela. Que culpa tinha ela? Era apenas uma menina de dois anos.
Assustada com a plateia.
Pouco depois da apresentação da
turma da Maria, Isabelle com sua turminha fez sua apresentação. Ela dançou
lindo, e com notória disciplina e concentração, como uma pop star. Ela brilhou.
Eu, como mãe, estava com o coração cheio de orgulho.
Mas não pude deixar de perceber,
que em algumas apresentações haviam desfalques de crianças. Crianças que não se
apresentavam, que desistiam de entrar no placo e mostrar suas performances. As
professoras intervinham, tentavam convencer, mas ao final respeitavam a vontade
de cada criança.
A medida que eu observava as
reações das crianças e o “insucesso” das professoras com as que não queriam se
apresentar, eu me envergonhava do meu “orgulho”. Me envergonhava de perceber
que minha filha havia amadurecido ao longo desses três anos, mas eu não, eu
continuo a projetar minhas expectativas nelas. Eu me envergonhava de ainda não
aceitar que cada indivíduo tem suas próprias vontades, mesmo que este seja uma
criança. Eu me envergonhava ao perceber que cada ser tem sua própria história e
mesmo que esta se entrelace na minha, não é a minha, e eu não posso impor a
minha vontade, os meus anseios e sonhos frustrados a ele.
A princípio, eu pensei em como
deve ser frustrante para os pais virem a apresentação do filho e este não se
apresentar, e eu me compadeci. Mas depois, pensei melhor e refleti que talvez
essa nem seja a expectativa deles. Talvez eles simplesmente respeitem a decisão
e até apoiem, pois não há nada pior que fazer algo que não dá prazer, algo obrigado,
estressante e que pode até desencadear um certo pânico.
Eu sei, racionalmente, eu sei que
as pessoas têm habilidades diferentes. Eu também sei que criar expectativas é
algo inerente ao ser humano, mas eu ainda ei de aprender a respeitar as
diferenças, inclusive as vontades contrárias às minhas, e a evitar futuras
frustrações. Por enquanto eu me envergonho de ser uma mãe humanamente
imperfeita.
#reflexãodepáscoa
#devaneiosdelivia
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