quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Carta pra Maria - 4 anos

Eu queria uma filha igualzinha a mim. Minha cara. Ela seria uma mini Lívia! Coisa de ego!
Deus ouviu meus pedidos... e foi aí que eu me lasquei!
Ela tem traços meus tão perceptíveis, a cor do cabelo igualzinho ao meu na sua idade. A cor da pele, tão branca que qualquer esforço a deixa com a pele rosada.

Maria.
Somos tão parecidas. E é isso que faz dela uma criança tão desafiadora pra mim. Ela me desnuda. Ela me desafia. É dedo na ferida. É sorriso fácil acompanhado de um tom de voz imperativo (que me irrita), é um tagarelar incessante (que dá um nó no meu juízo), é implicância (que me enlouquece).
Ah Maria, eu tenho aprendido que esse teu jeito é tu sendo tu, colocando-se no mundo, com teu jeito comunicativo, cativante e barulhento. Tu tens me ensinado sobre observar, sobre ressignificar, sobre respeito, sobre amansar o meu ego.
Maria, tu me desperta como o sol que brilha anunciando o dia, mas que queima.
A menina que me faz resgatar a menina Lívia. A filha que me mostrou que segundo filho não é mais fácil. A criança que me tira o sono (literalmente).
Maria, intensidade e leveza, energia e plenitude. Meu furacão. A menina que pensa tão rápido que atropela as palavras. Minha menina de “quatlo“ anos. Que eu implico com esse jeito de falar, mas morro de amores por ele. A criança do sorriso mais cativante e iluminado... que faz um barulho fofo quando gargalha, que faz cócegas na minha alma. A pequena que veio pra mim sob medida pra me tirar da minha zona de conforto, resgatar-me, fazer-me crescer, evoluir...
Eu desejo pra ti saúde, leveza, um monte de amiguinhos, balões coloridos e flores no seu caminho. Desejo que você cresça sem endurecer, sem se perder da sua essência que encanta. Desejo que você brilhe e ilumine os caminhos daqueles que cruzarem o seu caminho. Que continue com seu jeitinho manso e doce de falar. Que supere seus medos. Que nunca perca a empolgação. Que seja sempre essa alegria que contagia. Que canalize sua energia para os propósitos que você acredita. Que você siga questionando.... e teimando e me ensinando.
Feliz quatro anos, minha Maria!

Com amor,
Mamãe.

#devaneiosdelivia

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O descontrole das minhas filhas....

Sábado à noite, 21/09/2019, num ato de desespero, invento de fazer as unhas no shopping. Eu com duas crianças. Antes de sair de casa, converso, explico que farei as unhas rapidinho e preciso da colaboração delas.
Enquanto espero minha vez, digo que elas podem brincar no corredor, correr, contar os quadradinhos do piso... afinal, são duas crianças, não duas estátuas!
Me sento para começar a fazer as unhas, nesse momento, elas inventam uma brincadeira nova: arremesso de sapato à distância! Penso em me fazer de doida, mas não da tempo... uma perua arrogante incomodada com a presença das crianças (ok, não tiro a razão dela) em tom nada amigável e empático, brada comigo: “controle suas filhas, a senhora não pode fazer as unhas enquanto elas incomodam as pessoas!” (Leia num tom bem agressivo).
Engulo as palavras daquela senhora. Recolho as crianças do corredor e começo a fazer as unhas. Irada e frustrada com a situação e comigo.
A perua entojada e “falante”, não satisfeita, continua falando de mim e das crianças com outras clientes do “salão”.
Oito minutos se passam, a cidadã pede água para tomar um remédio. Não tem água no local. A mulher muito falante liga pra uma amiga, proprietária de uma loja, pede que lhe mande água. Ela precisa tomar o remédio! Passam uns 7 minutos, a água não chega! Chamo Isabelle e peço que ela vá até uma loja ali perto e peça um copo d’água pr’aquela mulher. Isabelle volta com um copo de água, entrega para a cidadã. A mulher sem olhar pra menina agradece no automático, bebe a água, à seco! Ela emudece, não deu mais um pio.
Isabelle se aproxima de mim e questiona porque eu pedi pra ela dar um copo de água pra mulher. Respondo: porque a gente da aquilo que temos. Nesse caso, gentileza!
Eu não posso mudar o que senti com a grosseria e falta de empatia daquela estranha, mas eu pude controlar a minha reação, o meu agir.
E sim, eu passei o resto da noite irritada, até eu entender que não era pessoal!


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A generosidade do desfile de 7 de setembro

Hoje Isabelle saiu toda trabalhada no tererê, com estrelinhas no rosto, batom, laço e tiara verde e amarelo, blusa do Brasil e enrolada na bandeira (a maior satisfação). Toda linda pro desfile de 7 de setembro da escola.
Ao questiona-lá sobre como foi na escola, ela me conta:
- a Dóris estava chorando, mãe. Acredita que ela foi de farda e sem nenhum adereço? Ninguém leu o recado na agenda dela.
- Nossa, ela deve ter ficado muito triste.
- Eu emprestei minha bandeira pra ela, deixei ela ficar com a bandeira. Ela parou de chorar!

Quanta generosidade, empatia e carinho com uma colega! Eu poderia pensar: estou no caminho certo, mas confesso que fiquei com um pouco de vergonha, não fui eu quem ensinei, partiu dela, eu não sei se eu teria agido assim... coisas de ego... tenho muito o que aprender, que seja com elas...