quarta-feira, 12 de abril de 2017

Reedição do amor

O papai tem o costume de toda sexta feira mandar para a Isabelle e pra Maria biscoitinhos e canjica. As meninas adoram (leia-se: Isabelle, até porque a Maria ainda não entende, mas é a que mais come) e elas até esperam por isso, acho que mais pela lembrança do que pelo próprio mimo. Sempre que os recebe Isabelle manda mensagem pro avô agradecendo e acrescenta um “eu te amo, vô... Você é o melhor vô do mundo!” Ela manda a mensagem e fica esperando um retorno (“a ansiosa”). Meu pai fica todo satisfeito com a mensagem e retorna com frases de afeto e carinho.
Essa semana ao escutar a mensagem dele para as meninas fiquei pensando: eu acho que a gente nasce com uma “cota” de “eu te amo” para distribuir. Acontece que muitas vezes a gente engole essa frasezinha, principalmente com os mais queridos. Meu pai deve ter me falado muitas vezes que me amava quando eu era do tamanho das meninas, assim como eu faço com elas, mas eu não lembro... Hoje, é mais raro, não me recordo a última vez (sem mágoas, eu também não falo). Mas o que eu fiquei pensando foi que sorte a delas de ter um avô que as quer bem, que gosta de mimá-las. E que sorte a dele de ter uma nova chance de expressar os seus sentimentos, de demonstrar seu afeto, de esgotar os seus “eu te amo”, se assim quiser.
Que sorte dos avós que não precisam educar, que podem só curtir. Eles demonstram carinho, afeto, amor de uma forma diferente dos pais. Acho que é porque eles sabem quão fugaz é o tempo. É a urgência serena de aproveitar, de se esgotar, de se eternizar. A nós, pais, cabe a responsabilidade de formar, educar, então o amor é demonstrado de uma forma mais comedida, mais controlada. Embora minhas meninas sejam a luz da minha vida, o sol que aquece minha alma, o meu universo particular, e talvez por isso mesmo, às vezes, eu seja tão dura e incisiva com elas. Eu sei que tão cedo as meninas não entenderão essa minha forma de amar, talvez, quando forem mães...
Por enquanto, eu só observo, aprendo e agradeço pela sorte que temos todos de sermos banhado nesse mar de troca de afeto e muito amor.

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Lívia Lins Torquilho

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