quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Do outro lado da câmera

Ele me manda uma foto por WhatsApp. Um presente. Uma imagem-poesia. Eu olhei a fotografia e sorri. É assim que eu desejo que ela lembre de mim. Das nossas brincadeiras, das gargalhadas, de como a gente se divertia com tão pouco. Apenas água, sol, areia, vento e nós.
Eu olho para a imagem e sei que lembrarei de cada detalhe desse momento por muito tempo. Os gritinhos estridentes, o som da gargalhada, a voz dela me chamando, o toque da água, o vento a nos abraçar, o sol a nos espiar. Ela correndo livre, explorando, registrando tudo com seus olhos curiosos.
No futuro, quando ela olhar para essa foto, é provável que não lembre especificamente desse dia, irá lembrar da mãe moleca, que corria, gargalhava e se divertia feito uma criança de cinco anos. Ela vai ver o retrato da alegria genuína, do carinho, do cuidado, do amor da mãe pela filha.
Pai, obrigada pelo registro. Obrigada, por não deixar esse momento se eternizar apenas na nossa memória e no nosso coração. Obrigada, por me permitir dar a ela uma imagem para recordar o quão belo era a nossa relação. E de como a mãe dela era uma mulher linda, que embora tivesse marcas de expressão, celulites e até uns quilinhos a mais, era fascinante. Obrigada, pai, por mim e por ela. Um dia, no futuro (distante, eu espero), quando eu não mais estiver aqui, são imagens como essas que irão acalentar o coração da nossa menina e diminuir um pouco da saudade dela de mim.

Texto: Lívia Lins Torquilho


24/1/2018

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