terça-feira, 16 de janeiro de 2018

E a D. Rata levou a chupeta

Maria chupou chupeta desde que nasceu. Isabelle nunca aceitou. A Maria pedia pela “peta” só na hora de dormir, era colocar na boca e ela se preparar para dormir, como um ritual mesmo. As vezes ela acordava no meio da noite somente para colocar a chupeta que tinha caído enquanto ela dormia. E as vezes de manhã cedo, quando ela acordava e eu queria dormir um pouco mais, eu oferecia a chupeta, ela colocava na boca e nós dormíamos mais uma horinha.
Uma das minhas metas para 2018 era fazer ela largar a chupeta. No dia 31/12/17 fomos passar o réveillon no Porto da Dunas, e ela foi no carro com a chupeta na boca, mas quando chegamos lá a chupeta tinha desaparecido. Não encontrei de forma alguma. Aproveitei para começar a retirada da chupeta. Naquela noite, ela dormiu sem chupeta, estava tão cansada que nem lembrou da chupeta, ou melhor, até lembrou, mas sabia que a chupeta estava perdida.
No outro dia, quando chegamos em casa, eu escondi todas as chupetas dela, antes que ela procurasse. Na hora de dormir ela pediu pela chupeta, eu expliquei que ela tinha perdido a chupeta. Mas Maria é esperta e ela sabe onde guardávamos as chupetas, ela foi até a cozinha e apontou para o armário onde as chupetas deveriam estar. Eu falei que não tinha nenhuma chupeta lá e então contei uma “historinha”. Falei que quando viajamos, a D. Rata passou lá em casa e pegou as chupetas dela, porque o ratinho, filho da D. Rata, é bebezinho e ele precisava muito de chupeta. E como a Maria já é uma menina grande, a D. Rata achou que ela não precisaria mais das chupetas. Ela escutou a história atenta, mas não se convenceu. Diante da insistência dela pela “petinha”, eu prometi que no dia seguinte iriamos procurar pela D. Rata e pediríamos as chupetas de volta. Ela adormeceu sem chupeta. No dia seguinte, na hora da soneca da tarde, chorou bastante pela “peta”, mas a noite dormiu sem insistir pela chupeta. E assim seguimos durante toda a semana, ela chorava muito pedindo a “petinha” para dormir a tarde. Devido os choros, e para fazê-la entender e acreditar na história, descemos por dois dias até o parquinho para “procurar” a D. Rata, mas a “senhora” pegadora de chupetas não apareceu. No fim da semana, ela já não lembrava mais da chupeta.
O processo não foi muito fácil. Ela chorou bastante pela falta da chupeta, confesso que no 4º dia pensei em devolver a chupeta. Me questionei se estaria agindo certo. Afinal a chupeta era apenas conforto, era o ritual para dormir, era o que a fazia dormir melhor e mais fácil. Mas resisti e vencemos!
A história da D. Rata me surgiu porque pensei se caso a D. Rata resolvesse devolver as chupetas, elas estariam roídas (eu cortaria os bicos, de forma que a chupeta ficaria inutilizada). Mas a D. Rata nunca devolveu.

Texto: Lívia Lins Torquilho

16/01/2018.

Nenhum comentário:

Postar um comentário